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Do bairro de Alvalade ao interface de transportes do Campo Grande andaremos desta vez num espaço urbano contínuo. A relevância para a explicação da Lisboa pós-metroplitana deste percurso passa não só pela singularidade do projecto e processo de construção do Bairro de Alvalade mas também porque entre estas duas estações de metro, durante o século XX, foram construídas estruturas culturais, institucionais e governamentais nevrálgicas na organização das complexidades metropolitanas. Tendo este espaço urbano à nossa volta abordaremos também o centralismo de Lisboa, a sua materialização física e dinâmicas sociais. Entre Alvalade e Campo Grande foi construído não só um dos bairros essencialmente residenciais mais bem sucedidos da Lisboa metropolitana assim como um espaço urbano essencial ao modelo centralizador da metrópole de Lisboa. O paradigma metropolitano de cidade grande que frequentemente corresponde à ideia de capital do país persiste em Lisboa com a centralização dos poderes dentro das fronteiras municipais. Parecendo não existir qualquer política de organização urbana que construa um espaço mais policêntrico, inclusivo e equitativo da metropolização territorial dos espaços que habitamos.

From Alvalade neighborhood to the Campo Grande main transport station we will walk this time in a continuous urban space. The relevance of this walk for the explanation of the post-metropolitan Lisbon is not only in the singularity of the project and process of construction of the Alvalade’s neighborhood, but also in the construction of cultural, institutional and governmental important structures for the organisation of the metropolitan functions. Going through this space we will approach the issue of centrality by connecting how this new urban fabric, reshaped since the beginning of the XX century, progressively developed a national character by these unique institution buildings at a national and regional scale. This is an important site to understand the centralization of power, administration and culture in Lisbon’s borders. The idea of big city much developed during the XX century remains present here, where public policies for a more inclusive and equitable urban space don’t seem to be a social, political or urban goal.

Vítor Matias Ferreira, Professor emérito do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Catedrático de Sociologia (aposentado) do IUL. Docência de mais de trinta anos, desde a criação deste instituto. Um dos fundadores do Centro de Estudos Territoriais, entretanto integrado no Centro Dinâmia’Cet. Director, durante alguns anos, da revista daquele centro de estudos, Cidades. Comunidades e Territórios. Publicou diversos livros, bem como capítulos de livros e artigos em publicações nacionais e estrangeiras. Dos livros mais recentes destacam-se Lisboa, de Capital do Império a Centro da Metrópole (1986) que resulta da sua Tese de Doutoramento; Lisboa, a Metrópole e o Rio (coord.) (1997); A Cidade da Expo ’98 em colaboração com Francesco Indovina) (1999), Fascínio da Cidade. Memória e Projecto da Urbanidade (2004).

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